Entre 24 e 28 de Setembro, a Nova Acrópole de Coimbra levou 34 bons viajantes, verdadeiramente entusiasmados, numa inesquecível viagem ao País Cátaro – Languedoc, em França.
Sob as ilustrações e narrações dos guias José Ramos e Françoise Terseur, a viagem iniciou-se no dia 24 de Setembro, partindo do aeroporto do Porto em direção a Carcassone, local onde o grupo de viajantes denominado “Cátaro” pernoitou até ao dia 28 seguinte.
Na manhã do dia 25, a visita iniciou-se em Renne-le-Chateau.
O autocarro deixou o grupo a meio da subida que os levava à Igreja consagrada a Maria Madalena. Daí podia-se avistar ao longe o monte de Bucarache, bastante propagandeado na passagem do milénio.
Prosseguimos a pé até à igreja de Maria Madalena, percorrendo as ruas e observando o casario que se amoldava ao longo do percurso.
É um local misterioso, envolto da tradição gnóstica e, pela estranha história do abade Saunière que, aos 33 anos, em finais do séc. XIX, designado para a Igreja de Santa Madalena, teria encontrado numa das colunas (oca) da igreja um tesouro e alguns documentos importantes (pergaminhos codificados numa enigmática escrita), tão importantes que poderiam mudar o mundo.
Segundo se conta, o abade terá partilhado o segredo com sua criada, que apesar de todas as tentativas, se recusou a falar e a trair o seu amo, inclusive após a sua morte. Consta ainda que, as enormes obras empreendidas pelo abade Saunière foram financiadas graças a parte do tesouro: desde a restauração da igreja, à estranha torre-biblioteca de Magdala bem abastecida de livros, às viagens e festas dadas na sua propriedade. O próprio bispo de Carcassone, abismado com tamanha desmedida, pediu contas, mas o abade não pôde justificar-se. Posto isto, o abade Saunière foi privado de seus poderes sacerdotais e morreu um tempo mais tarde. Desde então Rennnes-le-Château é cenário de estranhas práticas. Cada um tenta a sua sorte, para se apoderar do tesouro, investiga-se, e escava-se mas em vão.
A Igreja dedicada a Maria Madalena é de pequenas dimensões, mas cheia de lindas e antiquíssimas imagens e pinturas, carregadas de simbolismo.
Logo à entrada, uma surpreendente pia de água benta suportada por uma imagem do diabo, encimada com Quatro Anjos que executam o sinal da cruz, e que ilustram a mensagem “Por este sinal o vencerás” (ao Diabo, às trevas, a ignorância do Homem) escrita sob os seus pés. Sobre os anjos, uma cruz com a flor-de-lis no centro, símbolo da abertura para o mundo espiritual, tal com o lótus no oriente.
Nessa igreja, o nosso guia José Ramos narrou a história deste lendário lugar, esclarecendo o significado das várias imagens e outros aspetos mais interessantes da igreja.
O altar da igreja, figurando ao centro em baixo, a imagem de Maria Madalena.
Em seguida, a visitar prosseguiu para os aposentos do abade de Saunière, os jardins traseiros da igreja, e a Torre de Magdala, de onde se vê uma agradável paisagem.
Concluída a visita, o grupo “Cátaro” seguiu para o castelo de Montségur, uma fortaleza-santuário localizada no cimo de um monte. a 1200 metros de altitude.
A subida foi esforçada, mas gloriosa, pois todos os caminheiros conseguiram chegar ao topo, diria com algum cansaço e emoção (pois, a luta interior foi grande, essa que nunca nos abandona…, e faz parte do caminho do verdadeiro peregrino…), mas triunfantes, cheios de vitalidade e alegria por terem vencido os obstáculos que uma sabida deste calibre exige.
As paisagens são deslumbrantes, enchem-nos a alma, e a respiração embora ofegante, não nos impede de avançar, o caminho lança-nos para a frente, em descoberta do mistério e aventura.
É difícil imaginar que, naquele local centenas de homens e mulheres foram barbaramente mortos, queimados como hereges e indignos, depois de cercados pelas forças da Igreja Católica.
Aqui se iniciou a Inquisição, a perseguição a todos os que com as regras e dogmas da Igreja cristã ortodoxa não concordavam.
O guia, José Ramos proferiu uma pequena aula de história, relatando-nos alguns pormenores da vida dos cátaros, o cerco que ali sofreram, o seu espírito pacífico, não-guerreiro, e a sua entrega sem qualquer luta, após a negociada troca dos homens, mulheres e crianças, que faziam parte da comunidade que com eles vivia. Todos os cátaros foram cruelmente mortos.
Atualmente, resta o esqueleto do que outrora foi o majestoso Castelo de Montségur, um templo solar para os Cátaros, com a configuração da constelação do “Boieiro” (tal como o Convento dos Templários em Tomar). Numa das extremidades do Castelo, uma sala ainda se advinha entre as pedras e janelas erguidas em direção ao céu. As suas janelas, num determinado dia e momento do ano, eram, em simultâneo, atravessadas pelo sol, produzindo-se no interior dessa sala, o efeito de vários feixes de luz a convergir num único ponto.
Sublime arquitetura, que reflete a face do divino e do universo na Terra.
Outrora um Templo de Luz, de homens pacíficos e de grande sabedoria, perfeitamente integrados nas comunidades, participando da vida comunitária, instruindo, praticando a cura das moléstias (medicina), e dando todo o tipo de ajuda. Desse modo, os Cátaros eram facilmente aceites e queridos por essas comunidades, o que levou a que fossem considerados personas non gratas pela Igreja de então, pois, ao invés, a Igreja colocava-se poderosamente acima dos demais.
Após a descida, o chamado descanso do guerreiro.
No terceiro dia, visitamos Béziers, cidade que ao longo do tempo foi ocupada por diversos povos. Aí visitamos a Igreja de Santa Madalena, palco de um dos maiores massacres contra os Cátaros e restante população que, uma vez cercada, correu para a Igreja, na esperança de se pôr a salvo, mas em vão, pois, os seus impiedosos perseguidores, sem olhar a quem, lançaram fogo à Igreja, matando a todos, cátaros e não cátaros, muitos deles até católicos.
No seu interior, encontram-se vários quadros, entre os quais um que retrata a traição do conde de Toulouse, que numa tentativa de salvar a comunidade cátara e católica, tenta persuadir os mandatários da Igreja, mas perseguido por Simão de Monfort, é preso e condenado, acabando por morrer na prisão.
Outro dos quadros se sobressaem no interior da igreja é o que retrata a figura de uma Maria Madalena arrependida.
Prosseguimos para a Catedral de Saint Nazaire, um excelente exemplar da arquitetura gótica construída sobre as ruínas da Igreja românica, destruída durante o saque de Béziers.
Após a visita do interior da catedral, Françoise Terseur explicou alguns pormenores da arquitetura e história deste belo exemplo do gótico.
Após o almoço, seguimos para Narbonne, cidade ladeada por canais de água que, permitem conduzem os barcos até ao Mediterrâneo.
Narbonne tem 2500 anos de história e foi chamada primeira Filha de Roma.
Aí, realizou-se uma visita guiada ao Museu Arqueológico, onde se encontram guardados os mais belos frescos romanos fora de Itália e outros artefactos desta civilização.
Os guias desta viagem, José Ramos e Françoise Terseur, foram incansáveis nas várias explicações sobre a origem e sentido
de todos os artefactos em exposição no Museu.
Após esta visita, prosseguimos para a magnífica Catedral Medieval de St. Just, uma jóia do Gótico Flamejante, com as suas gárgulas, simbolizando a humidade, as paixões do homem.
No seu interior encontram-se vitrais lindíssimos.
No dia seguinte, visitamos o Castelo de Lastour do séc. XI que, se encontra a 300 metros de altitude.
Trata-se de uma fortaleza que abrigou numerosos cátaros e que se tornou um forte ponte de resistência cátara em terras de Languedoc. Neste local encontram-se também vestígios da idade do bronze (1500 a. C.), ao descobrir-se uma gruta onde foi sepultada uma jovem chamada de “A Princesa do Colar” com vários objetos sobre o corpo, entre os quais, pérolas de âmbar que evocam o estilo micénico e egípcio.
Neste dia, após o almoço percorre-se de barco os canais de água em Carcassone.
Foi um relaxante passeio, o dia estava lindo …
Após isso, visitamos a magnífica cidadela antiga de Carcassone.
Na sua entrada encontra-se a imagem do busto de uma mulher, em homenagem a uma mulher que defendeu Carcassone.
A entrada na cidade-fortaleza assenta sobre um fosso, transportando-nos para aqueles filmes de época medieval, como o Robin dos Bosques.
Trata-se de uma cidade fortificada, com um Castelo, encostado à antiga cerca composta de torres redondas.
É um admirável exemplo da arquitetura militar medieval. Na visita ao Castelo, os nossos guias José Ramos e Françoise Terseur relataram a importância do Castelo, e esclareceram vários pormenores e riquezas arquitetónicas e históricas aí albergadas.
Ainda em Carcassone, podemos visitar a linda basílica de Saint-Nazaire…
… com os seus maravilhosos vitrais, nomeadamente, a árvore da Jessé e a árvore da vida nas suas capelas.
Após as visitas guiadas, houve ainda tempo para calcorrear as ruas desta linda cidade medieval, saborear algumas das suas ofertas, e adquirir os últimos recuerdos.
Por fim, no dia 28 de setembro, cheios de histórias para contar, o grupo Cátaro regressou à invicta cidade do Porto.
A narrativa da viagem está ótima. Parabéns. Só faltou uma coisinha….uma foto do grupo, pois ando a ver se a arranjo e ainda não consegui.
Beijinhos e as maiores felicidades.